ONCIDERES SAGA (DALMAN, 1823) (COL.: CERAMBYCIDAE) COMO BESOURO DESFOLHADOR DE ESSÊNCIAS FLORESTAIS NO BRASIL Gláucia Cordeiro 1 ; Norivaldo dos Anjos 2 ; Janaína De Nadai 3 ; Rodrigo Diniz Silveira 4 ; 1 Est. Graduação em Eng. Florestal – Departamento de Biologia Animal – UFV, glaucia@insecta.ufv.br 2 Prof. Dr. – Departamento de Biologia Animal – UFV, nanjos@ufv.br 3 Est. Doutorado em Entomologia – Departamento de Biologia Animal – UFV, FAPEMIG, janadenadai@insecta.ufv.br 4 Dr. em Entomologia – Departamento de Biologia Animal – UFV, silveirard@insecta.ufv.br Nos últimos dez anos, a espécie australiana Acacia mangium Willd, conhecida popularmente como “Acácia-mangium”, tem sido plantada amplamente com propósitos comerciais em diversos países tropicais, como Tailândia, Malásia, Nepal e Filipinas. No Brasil, estima-se que existam cerca de 10.000 hectares desta essência florestal, plantados para a produção de celulose e energia. A madeira é usada também na produção de adesivos, na silvicultura urbana e na recuperação de áreas degradadas, além de ser uma espécie melífera. Entre os vários insetos que atacam a acácia, destacam-se os coleópteros da família Cerambycidae, popularmente conhecidos como “Besouros-serrador” ou “Serra-pau”. No Brasil, a espécie Oncideres saga (Dalman, 1823) já foi encontrada causando estragos em árvores de A. mangium usadas em paisagismo urbano, em Seropédica, RJ. A fêmea deste besouro utiliza a mandíbula para serrar troncos e galhos de suas plantas hospedeiras, onde coloca seus ovos. Os galhos serrados resultam numa perda considerável, mas nunca antes avaliada, de folhas na copa das árvores afetadas. As larvas dos besouros-serradores são broqueadoras e se desenvolvem no interior dos ramos serrados, mas isto não tem mais nenhum significado, em termos de prejuízos, para as árvores atacadas. O presente trabalho teve como objetivo estimar o potencial de desfolhamento de O. saga em árvores de A. mangium na região de Viçosa, MG. A caracterização da ocorrência foi feita através de vistorias nas quais eram coletados os besouros adultos em pleno processo de serrar e de ovipositar nos galhos atacados, durante o período de fevereiro a abril de 2005. Os besouros coletados foram montados e identificados através de comparações com exemplares do Museu Regional de Entomologia da Universidade Federal de Viçosa, em Viçosa, MG. Larvas e adultos foram encontrados, também, em plantações comerciais de A. mangium , nos municípios de Viçosa e Coimbra, Minas Gerais. Em Viçosa foram vistoriadas 84 árvores e destas 90% estavam com sinais de ataque deste cerambicídeo. Foram encontradas larvas em 87,5% dos dezesseis galhos serrados examinados. O potencial de desfolhamento foi avaliado em três árvores diferentes, onde as folhas de cada galho serrado (um galho lateral e dois ponteiros com diâmetro e comprimento médios de 17,5 ± 0,3 cm e 3,8 m , respectivamente) foram divididas em três classes de tamanho e contadas. Depois, a área foliar de cada uma de dez folhas, em cada classe, foi medida utilizando-se um equipamento TMK2 (Delta – T Devices, Burwell, Cambridge, England). A área foliar total perdida foi estimada multiplicando-se a área foliar média em cada classe pela quantidade delas. As áreas foliares perdidas foram iguais a 36720,13 cm 2 para o galho lateral, 47449,99 e 27628,77 para os dois ponteiros avaliados, o que resulta numa média de 37266,3 ± 18289,19 cm 2 . Essa área foliar correspondeu à cerca de metade da área foliar das árvores examinadas. Devido a esta grande capacidade de inutilizar folhas das árvores de A. mangiun , os besouros serradores, da espécie O. saga , podem ser incluídos no grupo dos besouros desfolhadores de essências florestais cultivadas no Brasil.
|
---|